É certo que é uma delícia passear pelo Bairro da Liberdade em São Paulo, admirar a decoração das ruas, perambular pelas lojinhas de produtos orientais, provar a saborosa gastronomia e que, passeando por lá, teremos momentos de lazer garantidos.
Mas também é certo que, com o passeio, poderemos conhecer um pouco mais da cultura oriental, da cultura japonesa e da história do bairro e da imigração japonesa no Brasil.
Uma ótima maneira de unir estes três aspectos do Bairro da Liberdade: lazer, cultura e história, é fazendo uma caminhada por suas ruas já sabendo quais pontos observar.
Por isso, vem comigo e com a Patrícia Takehana – organizadora do III Japão.br e que nos acompanhou num walking-tour durante o evento – conhecer um pouco mais sobre o Bairro da Liberdade!
Bairro da Liberdade – lazer, cultura e história
Dica de roteiro a seguir:
- Praça da Liberdade
- Capela dos Aflitos
- Rua Galvão Bueno
- Jardim Oriental
- Viaduto Cidade de Osaka
- Portal xintoísta Torii
- Jardim japonês do Largo da Pólvora
- Rua Thomáz Gonzaga
- Museu Histórico da Imigração Japonesa

1 – Início do roteiro: Praça da Liberdade
A Praça da Liberdade é uma das saídas da estação Japão-Liberdade do metrô e é nela que acontece, todos os finais de semana, a feirinha de artesanato e comidas típicas.
A história da Praça
A Praça da Liberdade nem sempre teve esse nome. Ela já se chamou Largo da Forca e foi um dos lugares de São Paulo a abrigar o local de execução de condenados.
Consta que o motivo para ela se chamar Praça da Liberdade foi justamente por conta de uma das execuções, quando a corda arrebentou várias vezes e o público, solidário ao condenado, clamava “Liberdade! Liberdade!”.
Na Praça da Liberdade está também a Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados, já que nela eram velados os corpos dos executados. Quem visita a Liberdade hoje em dia e passa pela igreja sem saber a sua história, com certeza achará o nome bem estranho e trágico. Está explicado!

2 – Capela dos Aflitos
A Capela dos Aflitos fica no Beco dos Aflitos e seu acesso é feito pela Rua dos Estudantes (saindo da Praça da Liberdade pela Rua dos Estudantes, desça à esquerda e entre na primeira à direita). A visita a ela complementa a história da origem do bairro.
O nome se deve ao fato de ela ser o local onde os condenados à forca aguardavam para seguir para a execução. Ao seu lado ficava o primeiro cemitério público de São Paulo, que foi desativado (funcionou de 1779 a 1858), mas a Capela permaneceu no local, encravada entre as outras construções que surgiram.

3 – Rua Galvão Bueno
Saindo do Beco dos Aflitos retornamos para a Rua Galvão Bueno e seguimos por ela, passeando pelas lojas, mercados e galerias.
É enorme a variedade de lojas de produtos orientais, tanto de alimentos como utilidades domésticas, decoração, presentes, cosméticos, elementos da cultura pop japonesa – mangás e animes etc.
Seguindo pela Rua Galvão Bueno chegaremos ao Jardim Oriental, ao Viaduto Cidade de Osaka e ao Torii.
4, 5 e 6 – Jardim Oriental, Viaduto Cidade de Osaka, Torii
O Jardim Oriental fica aberto à visitação, mas na última vez em que estive lá achei que estava um pouco descuidado. De qualquer maneira, vale a visita.
Ele fica ao lado do Viaduto Cidade de Osaka que passa por cima da Av. 23 de Maio com uma vista bonita e movimentada da avenida.
O Torii, portal japonês, tem um significado importante no xintoísmo, crença religiosa originária do Japão. Ele marca a entrada para um lugar sagrado.
7 – Jardim japonês no Largo da Pólvora
Saímos da Rua Galvão Bueno entrando à direita na Rua Américo de Campos e seguimos até o fim dela onde está o jardim japonês, no Largo da Pólvora. Ele fica em frente à antiga Casa da Pólvora. O bairro inclusive, anteriormente, se chamava Bairro da Pólvora.
O jardim japonês do Largo da Pólvora proporciona uma tranquila parada para quem está passando por ali. Tanto nele como no Jardim Oriental encontramos alguns símbolos que fazem parte da composição de um jardim japonês.
Símbolos de um jardim japonês
Há vários símbolos que sempre estarão presentes em um jardim japonês. Alguns deles são:
- água – simboliza o ciclo da vida. O jardim pode ter um lago ou uma representação de água.
- carpas – simbolizam prosperidade e força, pois nadam contra a correnteza.
- pedras – são símbolo de resistência e força.
- ponte – significa a transição do mortal para o sagrado.
- lanterna de pedra – iluminam a mente e o caminho.
- plantas – cada tipo traz o seu significado para complementar e embelezar o jardim.
8 – Rua Thomaz Gonzaga
Saímos do Largo da Pólvora pela Rua Thomaz Gonzaga, em direção à Rua Galvão Bueno. A Rua Thomaz Gonzaga reúne grande quantidade de restaurantes japoneses, oferecendo variedade e qualidade, da cozinha tradicional japonesa à mais moderna.
9 – Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil – encerramento do roteiro
Saindo da Rua Thomaz Gonzaga entramos à direita novamente na Rua Galvão Bueno. Seguimos nela até a Rua São Joaquim, virando à direita para chegarmos ao número 381, no prédio da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e Assistência Social – Bunkyo.
A visita ao Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil é um ótimo encerramento para o roteiro pelo bairro, pois com a visita podemos conhecer diversos fatores sobre a imigração japonesa: a negociação entre os governos, a chegada dos navios, a adaptação e a vida dos imigrantes no novo país. Ele ocupa três andares do prédio do Bunkyo e tem um acervo de 97.000 itens.
Todos os detalhes sobre a visita ao Museu, inclusive preço e horário, estão em Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil.
Algumas datas históricas do Bairro da Liberdade:
- No início do século XIX, o bairro era chamado de Bairro da Pólvora devido à construção da Casa da Pólvora, em 1754.
- O primeiro cemitério público de São Paulo funcionou na região de 1779 a 1858.
- As execuções na forca aconteceram no Largo da Forca até 1891.
- Havia diversas chácaras no local e a partir de 1850 as autoridades incentivaram o loteamento das terras para atender a demanda por habitações em São Paulo. Ruas foram abertas e se iniciaram as construções.
- Imigrantes portugueses e italianos começaram a construção de casarões e sobrados que muitas vezes tinham porões que vieram a ser alugados.
- Já no início do século XX, com o fim dos contratos na lavoura e o preço mais baixo do aluguel, os japoneses começaram a alugar os porões dos sobrados na Rua Conde de Sarzedas e com isso começaram a formar uma comunidade japonesa no bairro. Diversos comércios começaram a ser abertos pelos imigrantes japoneses.
- Em 1964 foi inaugurada a sede da Associação Cultural Japonesa de São Paulo – Bunkyo, hoje Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e Assistência Social.
- Em 1965 foi fundada a Associação dos Lojistas do Bairro da Liberdade precursora da Associação Cultural e Assistencial da Liberdade – ACAL.
- Em 1974 foi inaugurada a estação de metrô Liberdade, hoje Japão-Liberdade. No mesmo ano foi inaugurada a decoração das ruas do bairro – luminárias suzurantô, o Torii, portal xintoísta, e as calçadas com o símbolo xintoísta mitsudomoe (que representa a harmonia entre três elementos: homem, terra e céu).
- Em 2019 algumas ruas e construções do Bairro da Liberdade foram tombados pelo Conpresp – Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – como parte da rota utilizada por tropeiros a caminho da Serra do Mar. Fazem parte da rota a Rua da Glória, Rua Lavapés e área da Capela dos Aflitos.

É bom saber:
- A maneira mais fácil de chegar ao bairro com transporte público é através do metrô. Estação Japão-Liberdade, linha azul.
- Nos finais de semana e nas festividades o bairro fica muito lotado, difícil de andar nas ruas, difícil de entrar nas lojas e com filas nos restaurantes, portanto, é sempre melhor chegar cedo.
- A feirinha de artesanato e comidas típicas acontece todo final de semana.
- Durante o ano acontecem diversas festas comemorativas na Praça da Liberdade e ruas adjacentes. Verifique a programação na aba “Agenda” do site NippoBrasil.
Bom passeio!
Deixe suas sugestões, dúvidas e opiniões nos comentários. Serão muito bem-vindas!
Fontes de informações e pesquisa: Patrícia Takehana, Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, site CulturaJaponesa e site NippoBrasil.
Nosso walking-tour pelo Bairro da Liberdade foi uma das programações do III Japão.br, evento organizado pela Patrícia Takehana do blog Bagagem de Memórias, com o objetivo de divulgar a cultura japonesa.
O evento contou com o apoio dos seguintes parceiros: Associação Bunkyo, Fundação Kunito Miyasaka, Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, Japan House, Pavilhão Japonês, Parque Ecológico Imigrantes, Blue Tree Hotels, VempraLiba, Laço Cerâmicas, Carla Okubo, Designer Heloisa S.V., Restaurante São Paulo-Tokyo, Restaurante e Karaokê Samurai, Japan Sunset Escola, Himawari Taikô e Alfa.
Os seguintes blogs de viagem participaram: Bagagem de Memórias, Dani Turismo, Diário de Turista, Idas e Vindas da Carol, Let’s Fly Away, Partiu Viajar, Patrícia Viaja, Por Mais um Carimbo, Qualquer viagem. Eu vou!, Rodas nos Pés, SP da Garoa, São Paulo Sem Mesmice, Trilha Marupiara e Viagens de Cá pra Lá.
Publicado em julho/2019