Museu da Imigração Japonesa no Brasil

Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil – Bairro da Liberdade

Pela quantidade de visitantes ao Bairro da Liberdade, em São Paulo, já podemos perceber o quanto a cultura oriental atrai paulistas, paulistanos e brasileiros em geral.

Não é para menos. A maior população de origem japonesa fora do Japão está no Brasil.

Por isso mesmo, quem visita o Bairro da Liberdade, além de conhecer a feira, a gastronomia oriental, produtos, curiosidades e decoração das ruas, pode aproveitar e conhecer um pouco mais sobre como foi a chegada dos japoneses ao nosso país.

No Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil podemos entender melhor como o movimento de migração começou no Japão, em que época se deu, em quais circunstâncias, e também como foi a adaptação às terras brasileiras e muitos outros aspectos envolvidos. Aspectos que talvez nem tivéssemos parado para pensar a respeito.

Museu da Imigração Japonesa no Brasil

Um pouco sobre a história da imigração japonesa no Brasil

A imigração japonesa no Brasil foi um acordo entre os governos brasileiro e japonês motivado por interesses de ambas as partes. Após muita negociação, os termos foram acertados e documentos foram estabelecidos para vincular os candidatos ao acordo. Os contratos especificavam nominalmente os imigrantes e condições em que seriam mandados. A princípio, após um período de 5 anos no Brasil eles retornariam à sua pátria, o que na realidade não aconteceu.

A quantidade prevista no acordo era de 3.000 japoneses chegando ao país dentro de um período de 3 anos, mas foi muito mais do que isso.

Por um lado, o Japão havia encerrado o período feudal e modernizado a agricultura, o que fez sobrar agricultores e mão de obra. Também era um período de alta densidade demográfica e os alimentos gerados não estavam sendo suficientes para toda a população. Havia muita tensão social por causa destes problemas e a maneira pensada pelo governo japonês para aliviar a tensão foi promover a emigração.

Por outro lado, no Brasil havia acontecido a libertação dos escravos e muita mão de obra era necessária para as lavouras de café.

Desta maneira, o primeiro navio a chegar ao porto de Santos foi o Kasato Maru, em 1908, após cerca de 2 meses de navegação. Ele trazia 781 imigrantes.

O segundo navio, o Ryojun Maru, chegou em 1909 trazendo 906 japoneses.

Em 1914 o número de japoneses trabalhando no Brasil já chegava a 10.000, muito acima da quantidade acordada inicialmente.

Museu da Imigração Japonesa no Brasil
Painel do pintor Seigi Togo

Sobre a adaptação

Os recém chegados no primeiro navio foram distribuídos por 6 fazendas do interior paulista. Mas, meses depois, muitos deles já haviam abandonado seu posto de trabalho. A adaptação não foi fácil para nenhum dos dois lados. Muitas dificuldades com o idioma, hábitos, cultura, além de inadequações com relação às condições prometidas, fizeram com que os imigrantes procurassem outras maneiras para iniciar a vida por aqui.

Através de iniciativa própria ou de acordos com o governo do estado, muitos adquiriram propriedades e começaram a fazer suas próprias plantações, inclusive com outras culturas como algodão, milho, verduras, ervas para chá etc.

Mais tarde, a Segunda Guerra Mundial representou um período de dificuldades também para os japoneses no Brasil e vários fatores determinaram uma crise entre os governos e entre os imigrantes.

Após esse período sombrio e, com o final da guerra, iniciou-se uma nova fase. Mais imigrantes chegaram, empresas japonesas se estabeleceram, nomes japoneses começaram a ocupar espaço na política, na literatura, na imprensa etc.

Museu da Imigração Japonesa no Brasil

Museu da Imigração Japonesa no Brasil - Bairro da Liberdade SP

Sobre o Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil

O Museu foi inaugurado em 1978 e é mantido pela Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e Assistência Social, ocupando os andares 3, 7, 8 e 9 na Rua São Joaquim, 381, Bairro Liberdade, SP.

Seu acervo inclui documentos, mapas, fotos, quadros, jornais, livros, vestimentas, utensílios e maquinários usados no dia-a-dia dos imigrantes.

A administração e biblioteca do museu estão instaladas no 3o. andar. As exposições estão nos andares 7, 8 e 9.

O 7o. andar dá destaque às negociações entre os dois países para iniciar a imigração, os navios que trouxeram os primeiros imigrantes, imagens do Porto de Santos, primeiras fazendas onde se estabeleceram, suas acomodações e adaptação.

No 8o. andar podemos ver o desenvolvimento de novas culturas agrícolas, início das cooperativas, dificuldades enfrentadas durante a Segunda Guerra, pós-guerra e chegada de empresas japonesas ao Brasil.

Museu da Imigração Japonesa no Brasil

No 9o. andar podemos ver os painéis do pintor Seigi Togo, que faz parte da exposição permanente, mas o andar também reserva um espaço para exposições temporárias.

No momento exibe uma coletânea de fotos das visitas feitas pela família imperial japonesa ao Brasil. A exposição homenageia o Imperador Naruhito, que assumiu o trono japonês em 01/maio/2019.

Na exposição anterior a esta, o enfoque era o livro Retratos da Infância na Imigração Japonesa, de Monica Musatti Cytrynowics e Roney Cytrynowics e reunia brinquedos, fotografias, vestimentas, utensílios e objetos utilizados pelas crianças imigrantes.

Museu da Imigração Japonesa no Brasil

É bom saber:

Endereço: Rua São Joaquim, 381, Liberdade, SP

Como chegar de transporte público: Se for direto ao museu, a estação de metrô mais próxima é a estação São Joaquim (linha azul). Se for passear pelo bairro antes, é melhor descer na estação Liberdade (linha azul) e ir caminhando pela rua Galvão Bueno, virando à direita quando chegar na rua São Joaquim.

Preço: R$ 12,00 adulto,

R$ 6,00 crianças de 6 a 12 anos e idosos acima de 60 anos,

crianças até 5 anos não pagam

Horários: Terça a domingo, das 13h30 às 17h.

Visitas Guiadas: é possível agendar visitas guiadas que são cobradas à parte. Possibilidade e preços podem ser consultados através do telefone (11) 3209-5465 ou do email museu@bunkyo.org.br.

Fontes: Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, museubunkyo.org.bral.sp.gov.brimigracaojaponesa.com.br.

 

Agradeço à Patrícia Takehana pela organização do Japão.br, encontro que reuniu blogueiros para apresentar e divulgar a cultura japonesa e nos proporcionou a visita guiada ao museu. Facebook: encontrojapao.br e Instagram: @japao.br

 

E quando for à Liberdade, aproveite para visitar o Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil!

Boa visita, bom passeio!

Deixe abaixo seus comentários, dúvidas e/ou sugestões!

 

Esta postagem faz parte de blogagem coletiva relativa à #museumweek e reúne diversos blogs de viagem, por isso, para saber mais sobre alguns outros museus no Brasil e no mundo, dê uma olhada nos links a seguir.

A #museumweek é um projeto criado para dar visibilidade a museus e instituições culturais do mundo todo e consiste em uma semana de divulgação de atividades e exposições dessas instituições. Em 2019, a Museum Week acontece de 13 a 19 de maio.

 

Publicado em mai/2019

 

43 comentários sobre “Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil – Bairro da Liberdade

  1. Como fiquei feliz em ler esse pôs, acredita que não sabia da existência desse museu em São Paulo? Todas as vezes que vou à cidade passo algumas horas no bairro da Liberdade e nunca vi esse museu. Dica anotadíssima.

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  2. A Liberdade está 100% das vezes no meu roteiro quando vou a SP, mas ainda não conheci esse museu, preciso com urgência voltar pq adorei o post 🙂

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  3. Que curioso! Já andei pelo bairro da Liberdade algumas vezes e nunca ninguém havia sugerido a visita nesse museu. Amei a dica, até pq, sou sansei e amo interagir com a cultura japonesa. Ficarei alerta para uma próxima oportunidade.

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  4. Post brilhante, conteúdo de qualidade! Uma pena que perdi a oportunidade de conhecer o Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil. Quem sabe na minha próxima ida à SP? Adorei a dica 😘

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  5. Eu gostei muito de ter visitado o Museu da Imigração Japonesa e saber mais sobre a história e cultura destes corajosos imigrantes – e com seu post também, muita informação valiosa, parabéns!

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  6. Que bacana esse museu. Já fui à Liberdade várias vezes nos finais de semana, mas nunca visitei o local. Preciso pegar um dia e ir conhecer de perto toda essa história. Belo post!

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  7. Nossa! Passei férias no Japão recentemente e tive trabalho com a questão do idioma, dos hábitos e da alimentação. Isso que eu era uma turista e tinha à minha disposição Google Tradutor e outras tecnologias afins!
    Fico imaginando o que essa gente passou: dois meses em um navio, e depois chegar a um lugar sobre o qual eles provavelmente sabiam muito pouco, culturalmente muito diferente, tudo isso há mais de um século atrás… e ainda por cima não ter o acordo respeitado!
    Parabéns pelo post! Aprendi bastante com o que tu contaste sobre a imigração japonesa no Brasil e fiquei com muita vontade de conhecer o museu.

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  8. Adoro ir na Liberdade, passear pelas ruas, ir nos mercados orientais e descobrir novos restaurantes. O bairro mostra a diversidade do povo brasileiro.
    Preciso visitar esse museu, já entrou na minha lista de prioridades.
    Ótimo post e lindas fotos!

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  9. Conheci este museu quando participei do Japão.br, um encontro de blogueiros com o objetivo de compartilhar a cultura e história japonesas no Brasil.
    Um museu muito bem cuidado e um acervo maravilhoso que conta muito sobre a imigração japonesa no Brasil.
    Fiquei chocada com o que vi e descobri: a vida de precariedades e abusos a que foram submetidos os japoneses, tão importantes para o crescimento de nosso país, e as situações realmente humilhantes e abusivas a que foram sujeitados.
    Acho uma vergonha para nosso país, a forma como os japoneses foram tratados durante a imigração japonesa e na Segunda Guerra Mundial, mereceriam um pedido oficial de desculpas de nosso governo.
    Queriam tratá-los como os escravos que foram libertos e depois foram perseguidos por serem do Japão, país que não éramos aliados na Segunda Guerra. Uma verdadeira vergonha nacional.
    Por isto que sou tão fã de museus, eles nos contam a verdadeira história do mundo.
    Parabéns pelo post!

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    1. Oi Gisele! Você tem razão. Lá no museu aprendemos muito, e a visita nos abre os olhos para aspectos que talvez não pensássemos a respeito. Promessas não cumpridas, acordos ignorados, condições precárias e daí por diante. E ainda mais grave porque era interesse dos dois governos… Por isso é bom divulgar e incentivar as visitas ao museu. Beijo.

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  10. Nostalgia bateu forte lendo seu post. Visitei ele em uma excursão da escola e lembro como foi divertido. O museu é interativo e tem um rico acervo sobre a cultura japonesa. Show o post!

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